Comecei Meu Tratamento Psiquiátrico e Não Estou Melhorando: O Que Fazer?

É comum que as pessoas retardem ao máximo a procura por um psiquiatra, às vezes por não saber que seu sofrimento psíquico tem tratamento, às vezes por medo, por estigma ou por outras razões pessoais. Mas quem pensa que o problema acaba logo após a consulta, está enganado: o início da melhora pode demorar para acontecer e, caso não haja o devido entendimento, pode causar um abandono precoce do tratamento.

Para entender melhor o que acontece, devemos primeiro conhecer um pouco de como os medicamentos funcionam. Na maioria das vezes, os medicamentos mais adequados para os tratamentos psiquiátricos modificam o funcionamento de neurotransmissores (substâncias que promovem a comunicação entre os neurônios dentro do nosso cérebro tal como dopamina, serotonina, noradrenalina). Essa modificação não se dá no aumento ou na redução da quantidade de neurotransmissores, mas sim nos receptores que respondem a eles. Em alguns casos eles são bloqueados e promovem uma redução do funcionamento de certas vias cerebrais; em alguns casos aumentam a sua afinidade, promovendo uma maior estimulação em determinadas vias. Mas isso não ocorre de uma hora para a outra: trata-se se um processo lento de reorganização neuronal, e essa reordenação pode levar em média duas a seis semanas para acontecer.

Enquanto essa readequação está em curso, tudo pode acontecer: pode haver uma melhora parcial dos sintomas, pode haver uma ausência total de resposta e também uma piora paradoxal dos sintomas. Em outras palavras, o paciente pode piorar temporariamente dos sintomas mesmo que o tratamento esteja correto.

É comum também ocorrerem efeitos colaterais nesta introdução, tais como visão turva, cefaleia (dor de cabeça), sonolência, náusea, alteração de apetite, entre outros. Na maioria das vezes esses sintomas são limitados às primeiras semanas de tratamento e cessam por completo após a fase de adaptação.

Por tudo que foi explicado acima, é necessário tomar alguns cuidados:

è iniciar medicamentos em doses baixas;

è avisar o psiquiatra sobre outros medicamentos em uso para avaliar possíveis interações medicamentosas;

è comunicar o psiquiatra sobre efeitos colaterais importantes;

è traçar estratégias para amenizar o sofrimento gerado no início do tratamento.

A gestão desses fatores é feita pelo psiquiatra e, portanto, é necessário que haja um contato próximo do paciente com o especialista nessa fase para aumentar as chances de o paciente aderir ao tratamento. Se o psiquiatra não dá suporte nesse período do tratamento, pode surgir insegurança, desconfiança medo e pode levar a um abandono do tratamento. Se você não está recebendo este suporte do seu psiquiatra, veja aqui dicas de como encontrar um profissional para te ajudar.

IMPORTANTE: Somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. Agende uma consulta para maiores informações.

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