O Transtorno de estresse pós-traumático ou TEPT é uma doença complexa e desafiadora. Pessoas respondem de maneiras diferentes a situações de trauma emocional e psicológico e a maioria delas consegue se recuperar, muitas vezes sem ajuda profissional. Mas isso não nos dá direito de menosprezar o sofrimento do outro, classificando como “frescura” quando a pessoa tem dificuldade em se recuperar, pois isso estigmatiza e dificulta a busca desses indivíduos por ajuda profissional. Em uma sociedade desigual e violenta, situações que podem desencadear um TEPT acontecem todos os dias, e por isso é importante saber detectar essa doença. O intuito desse texto é citar as principais características dessa doença grave e incapacitante, mas que responde muito bem ao tratamento precoce e especializado
Existe uma série de critérios a serem atendidos para que se configure um TEPT. Em uma lista, temos:
1- A exposição: o primeiro e mais importante de todos é o trauma em si: ele deve ser vivenciado pela própria pessoa ou por pessoas próximas (amigos ou familiares). Neste segundo caso, o paciente pode ter vivenciado ou ouvir o relato do ocorrido mesmo sem estar presente na hora do fato. Há a possibilidade da exposição a essa situação extremamente aversivater sido vivenciada por meio de vídeo ou foto, mas isso fica restrito a assuntos relacionados ao trabalho (por exemplo um socorrista de uma rodovia que é exposto cronicamente a vídeos de acidentes, etc)
É importante saber que o trauma também pode ser uma situação de doença grave, como câncer ou doenças que provocam internações em UTI. Existem vários casos de TEPT decorrentes de COVID-19, por exemplo
2- Os sintomas intrusivos: lembranças intrusivas recorrentes e involuntárias do ocorrido, que vêm em forma de pensamento, de sonhos ou de flashbacks (situações em que há dissociação e o paciente “revive” a situação). Pode haver também sintomas físicos ou estresse psicológico quando a pessoa entra em contato com elementos que, direta ou indiretamente lembrem o fato ocorrido (por exemplo ver um carro do mesmo modelo do que foi usado por assaltantes, etc)
Por isso é comum a pessoa estar aparentemente bem, se propor a fazer algo e na hora “H” não conseguir
3- A evitação: evitação ou esforço para evitar pensamentos ou evitar exposição a qualquer elemento que remeta ao ocorrido. A evitação pode ser direcionado a locais, a pessoas, a datas, ou seja, a qualquer coisa que se associe ao fato ocorrido
As vezes detalhes sutis e até irrelevantes podem desencadear sintomas intrusivos, e as evitações podem elementos como cores, sons e até odores que remetam ao trauma inicial
4- Alterações negativas em cognição e humor: dificuldade em se recordar de detalhes e uma sensação de culpa ou negativista sobre a vida (por exemplor achar que é uma má pessoa ou classificar a todos como maus ou suspeitos). Além disso, há dificuldade de se enxergar aspectos positivos da vida, predominando sensação de culpa, vergonha, medo e diminuição de interesse em atividades em geral
Devido a essas alterações cognitivas é comum o paciente serm diagnosticado também com depressão, transtorno de ansiedade generalizada ou transtorno de pânico
5- A reatividade exagerada: podem ocorrer surtos de raiva com pouca ou nenhuma provocação, além de comportamento autodestrutivo ou insônia
6- A Duração: os sintomas duram pelo menos 1 mês
Quadros de duração inferiore a um mês são classificados como “Reação aguda ao stress”, que são menos graves e algumas vezes melhoram espontaneamente
7- As consequências: há importante prejuízo social e profissional decorrente dessas alterações
Por isso é necessário diagnóstico preciso e intervenção precoe, pois as consequências podem ser devastadoras na vida da pessoa.
É importante enfatizar que as manifestações acima podem ser manifestadas de difentes formas por cada paciente e também podem sofrer modificações ao longo do tempo. Com o passar de meses e até anos, os sintomas vão se tornando menos precisos e específicos, passando a ser vivenciados como um “borrão”. Uma pessoa que tinha medo de andar na rua específica em que sofreu uma violência passa a não conseguir dirigir mais sozinha; uma pessoa que tinha piora dos sintomas na data especifica do trauma passa a vivenciar sintomas mais intensos em datas festivas ou os sintomas podem piorar com relação á estação do ano. Isso configura uma cronificação do quadro e o tratamento passa a ser mais desafiador.
Qualquer trauma pode causar o TEPT. Mas é importante observar que o surgimento dos sintomas costuma ser pouco tempo após o fato. Logo, traços de personalidade relativos a criações mais duras ou situações abusivas na infância lembrados a partir da mente de um adulto não necessariamente configuram TEPT, mas também podem precisar de ajuda especializada. Caso haja sofrimento e prejuízo funcional, uma consulta psiquiátrica está indicada.
Sim, existe tratamento para TEPT e em boa parte dos casos, a cura é alcançada. O tratamento envolve medicamentos específicos direcionados para cada um dos sintomas, além de terapia (principalmente a linha cognitivo comportamental) e psicoeducação. Quanto antes o tratamento for iniciado, maior é a chance da cura completa.
Diante de situações que têm potencial de gerar um TEPT, é importante não fazer a pessoa reviver o trauma, ou seja, evitar fazer com que a pessoa fique repetidamente relatando o quadro, pois isso pode agravar os sintomas. Além disso, o uso de calmantes não é recomendado. Medicações de tarja preta tais como clonazepam, diazepam e alprazolam aliviam o quadro no curto prazo, mas aumentar o risco de cristalização da memória traumática, e podem atrapalhar na recuperação a longo prazo. Caso seja necessário, é ideal o uso de antipsicóticos em baixa dose, beta bloqueadores (para sintomas adrenpergicos tais como taquicardia e sudorese) e hipnóticos caso haja insônia. Deve-se agendar consulta com psiquiatra o mais rápido possível e evitar idas ao pronto socorro por esse motivo, para evitar condutas que podem prejudicar o tratamento no longo prazo.
Caso você esta sofrendo desses sintomas, agende uma consulta com Dr Leandro. O diagnóstico preciso e o tratamento precoce são as melhores formas de um resultado de tratamento satisfatório. Atendimento presencial na Clínica Ragazzo em Limeira ou por teleconsulta.
Dr. Leandro Paulino da Costa é psiquiatra formado pela USP. Atua em seu consultório particular e faz parte do corpo clínico do Hospital israelita Albert Einstein e do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP em São Paulo – SP, que são hospitais de excelência e são referência na América Latina. Dr. Leandro possui conhecimento e experiência no tratamento do transtorno de estresse pós-traumático e outros transtornos mentais, incluindo casos graves e de difícil controle.
Dr. Leandro Paulino da Costa é médico psiquiatra formado pela USP. Atua em seu consultório particular em Limeira, oferecendo consultas presenciais e consultas on-line atendendo pacientes em todo Brasil e exterior. Faz parte do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP em São Paulo – SP, que são hospitais de excelência e são referência na América Latina.